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Foto do escritorIsa Cicalise

O que esperar de um(a) arteterapeuta junguiano(a)?

Para saber o que esperar de um profissional que trabalhe com arteterapia, precisamos começar pelo básico. A pessoa precisa ter realizado pós-graduação lato-sensus e ter o seu diploma de arteterapeuta para então estar capacitada a atuar. Isso é simples, mas não é tudo. É apenas a formalidade necessária para exercer a profissão. 


A partir daí que começa a brincadeira... 


Aqui destacarei três pontos importantes para refletirmos. O primeiro deles é seguir estudando. Estamos falando de uma área que reúne dois conhecimentos. Arte e Psicologia. Ou seja, estamos falando de ser humano nas suas mais variadas expressões. Estudar o ser humano é infinito. Estudar arte é infinito. Sendo assim, é necessário bastante leitura para aprofundar nos confins psíquicos, nas histórias contadas ao longo dos séculos e nas teorias que nos ajudam a delinear e refletir sobre o comportamento humano, 


pois afinal, o que é ser humano?


Acrescido a isso estamos falando da linha junguiana. Jung foi um autor que nos deixou muito conteúdo que segue sendo ampliado por muitos autores. Além de toda a obra, temos tantas ainda dos pós-junguianos. Somado a isso, o estudo da mitologia e contos de fada também é uma grande base para essa área, ou seja, precisamos continuar aprendendo. 


Segundo ponto é a tal da arte. É preciso ser artista para estar em contato com a arteterapia? É claro que não. Mas é preciso refletir sobre a própria palavra artista para além da profissão e aproximar-se do ato artístico, o fazer artístico. Para ser arteterapeuta é preciso fazer arte! Tecnicamente? Não. Mas a partir de uma brincadeira, de uma livre expressão. Permitir-se navegar através dos materiais. Experimentar-se, explorar diferentes texturas, cores, sabores, ferramentas, materiais. 


Como vamos propor algo ao outro, se não realizamos em nós? 

materiais de arte em cima de mesa de vidro
Experimente!

Como saber o efeito de cada material se conhecê-lo?


Esta é uma das partes mais fundamentais nesse caminho, a parte prática. É preciso se jogar! Quando falamos da questão da arte, os livros não vão ter a resposta. O estudo em si da arteterapia é muito vivencial. Não tem muita fórmula, não tem resposta pronta. Precisamos nos entregar e estarmos abertos ao encontro do que vem. Permitir-se expressar livremente é se permitir encarar o que mora dentro de ti, encontrar suas sombras, potências, dores e amores. Rasgar-se, tornar-se transparente para si próprio. 


Ser honesto com o seu interior para poder ser honesto com quem está na sua frente. 


Essa é uma jornada sem fim, descobrir um novo material, uma nova forma de expressão, inventar, divertir-se. Tendo apresentado a relação com a arte, chegamos ao ponto mais essencial, que a arte pode ser um caminho de potência, mas é preciso estar em contato sempre. O tal do autoconhecimento. 


Quem quer estar nessa área, precisa estar em contato consigo profundamente. 

Estar disposto a investigar-se, encarar o que é belo e o que é sombrio, atravessar um processo terapêutico, como também ter o seu processo pessoal, contínuo, sua verdadeira busca. 


De forma resumida então, esperar alguém que esteja aberto de corpo e alma a sua auto-investigação, a seguir se transformando, encarando e cuidando das suas dores. Um ser que esteja em contato com o seu interior, que seja um buscador, que continue acreditando na vida e seguindo seu caminho mesmo nas partes difíceis da jornada. Que tenha alguma relação com os materiais de arte e use-os para apoiá-lo em seu processo. Que siga aberto a aprender e disposto a escutar a vida e cada novo ser que se apresenta diante dela.






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